A escrita do livro ” COVID-19 e populações tradicionais no Brasil: cultura, identidade e resiliência” nasceu a partir da realização do I Seminário de Atenção Integral à Saúde das Populações Tradicionais (I SAISPT), realizado em 2020, com o tema: Cultura, Identidade e Resiliência, sendo um campo propício para discussões relevantes, no que tange ao impacto da Pandemia por Covid-19 nas populações tradicionais. De fato, a Pandemia repercutiu de forma severa entre as populações mais vulneráveis, aprofundando iniquidades em saúde e trazendo à luz dificuldades há muito vivenciadas por quilombolas, indígenas, caiçaras, ribeirinhos, ciganos, dentre outros representantes das nossas comunidades tradicionais no Brasil.
Portanto, faz-se relevante conferir maior notoriedade à discussão sobre as condições de vida e de saúde das populações tradicionais: como defini-las? Como podem ser resguardados seus direitos fundamentais para existência e resistência frente a cenários adversos, como o contexto pandêmico que vivenciamos, que apresentam de forma direta as limitações de políticas públicas mal implementadas? Qual será o papel dos profissionais de saúde nesse âmbito do cuidado culturalmente competente? Como a Universidade, através da Extensão Universitária, pode dar voz às comunidades e estabelecer pontes necessárias entre saberes? De que modo devemos compreender os aspectos éticos da pesquisa com foco nas populações tradicionais?
Evidentemente, o livro não se propõe a esgotar tais questionamentos, mas emerge com o objetivo de apresentar temas contemplados no I SAISPT, conferindo conceitos básicos relevantes e um panorama geral da realidade vivenciada por alguns dos povos tradicionais do Brasil, durante a Pandemia, mediante a iniciativa do Grupo de Extensão Promoção da Saúde e Sustentabilidade em Comunidades Quilombolas/ PRÓSS-Quilombolas, da Universidade Regional do Cariri (URCA).