A adoção, historicamente, objetivou responder aos desejos e interesses dos adultos em ter um filho do que os direitos e as demandas da criança e do adolescente em ter uma família. Entretanto, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), foi um marco na garantia de direitos das crianças e adolescentes e determinou que a adoção seja o último recurso depois de esgotadas as possibilidades de permanência da criança na família de origem, com seus direitos de ser educado no seio familiar, com a garantia de um ambiente que resguarde seu desenvolvimento. Mas a realidade do processo de adoção no Brasil é permeada por preconceitos que dificultam no interesse pelas crianças mais velhas e/ou com deficiência (BOSSA; NEVES, 2018).
A pessoa com deficiência (PCD) tem impedimentos a longo prazo que podem ser de natureza física, mental ou sensorial, que podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas (BRASIL, 2015).
As crianças com deficiência são encaminhadas para adoção por motivos semelhantes ao da criança sem deficiência que podem ser: dificuldades de lidar com os cuidados necessários, baixa condição econômica da família biológica, carência de educação e expectativa de vida, não acreditarem nas propostas das políticas públicas ou até mesmo pela recusa ao filho. Porém, após a chegada dessa criança à adoção, identifica-se barreiras específicas que impedem os adultos em adotá-la, e a dificuldade para a tomada dessa decisão está, muitas vezes, expressa na não aceitação de um corpo “diferente” caracterizado com inferioridade. Há pesquisas que apontam que os pais pretendentes à adoção, ao construírem o perfil da criança no Cadastro Nacional de Adoção optam pela criança sem deficiência. Através disso, vemos a deficiência como um causador de preocupaço?es e angústias nesse processo.
No Brasil são poucas as contribuiço?es científicas sobre a adoção de crianças e adolescentes com deficiência, há mais publicaço?es sobre a motivação e desafios que os pais encontram na adoção dessas crianças. Assim, com intuito de reunir dados que ajudem na compreensão desses fatores este estudo tem como objetivo, analisar as produço?es científicas de periódicos nacionais e internacionais, que abordem a adoção de crianças com deficiência.