O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH), originado no período do neurodesenvolvimento, manifesta um padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade que interfere no funcionamento e no desenvolvimento (CONRADO; ENCARNAÇÃO JR, 2021). Ele pode interferir de forma significativa na vida acadêmica dos estudantes universitários diagnosticados no que diz respeito à adaptação à instituição e ao desempenho acadêmico (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Visto isso, a problemática se apresenta com ainda mais intensidade quando tal questão está inserida em um contexto pandêmico, devido às complicações da covid-19, que resultam no modelo do ensino remoto, o qual é adotado pelas universidades (CHEROLT, 2020).
Levantamentos populacionais sugerem que o TDAH ocorre na maioria das culturas em cerca de 5% das crianças e 2,5% dos adultos. O transtorno em questão tende a apresentar diversos prejuízos na vida escolar do indivíduo, podendo persistir em todos os níveis desta. Pode-se citar a indisciplina como exemplo de dificuldade evidente e, além dela, a desatenção a detalhes e consequentes erros por descuido, falta de ânimo e aptidão nas aulas, hiperatividade, problemas em atividades básicas como leitura, escrita e avaliações, instabilidade emocional, risco ao desempenho e relacionamentos com colegas e professores (GOMES et al. 2019). Em nosso atual contexto educacional, onde se faz necessário o uso das tecnologias de forma emergencial, vemos no ciberespaço uma ferramenta rica para o processo de ensino aprendizagem. Porém, quando o olhar se volta para alunos com TDAH, percebe-se o surgimento de dificuldades que culminam na necessidade de ações efetivas e estimulantes para esse público (MAIA; CONFORTIN, 2015).
As medidas protetivas e de enfrentamento da covid-19, como o distanciamento e o isolamento social, se mostraram como uma barreira às metodologias presenciais de ensino, o que levou à implementação de novas estratégias – como o ensino remoto – gerando uma necessidade contínua de adaptações que possam contemplar o processo de ensino-aprendizagem sem maiores prejuízos aos estudantes universitários com TDAH (OLIVEIRA; DIAS, 2015). Desse modo, o objetivo do presente estudo foi analisar, por meio da literatura, os possíveis prejuízos sofridos pelos estudantes do ensino superior que apresentam o TDAH, decorrentes do ensino remoto devido às medidas sanitárias de distanciamento social da pandemia da covid-19.