Introdução: O desenvolvimento das parasitoses intestinais está condicionado a aspectos multifatoriais, onde a carga da enfermidade é expressiva em termos de morbidade e mortalidade. Objetivo: determinar a prevalência e a associação entre um conjunto de variáveis sociodemográficas e a chance de apresentar positividade de enteroparasitoses, com ênfase nos geohelmintos e protozoários patogênicos. Métodos: Tratou-se de um estudo analítico seccional desenvolvido com base nos dados secundários de prontuários e Ficha A do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) da população adscrita à Estratégia de Saúde da Família 32, Vegeflora, na cidade de Parnaíba, Piauí. A pesquisa obedeceu aos aspectos éticos da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, com aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp)/Fiocruz, sob o parecer 1.130.429. A associação entre as variáveis sociodemográficas e os três desfechos (positividade para geohelminto, protozoário patogênico e qualquer parasita) foi mensurada por meio de modelos de regressão logística multinível, sendo o primeiro nível composto pelos indivíduos e o segundo pelos domicílios. A amostra do estudo foi composta por 803 indivíduos que aceitaram o convite para realizar os exames coproparasitológicos, entre maio de 2012 e dezembro de 2013. Resultados: A prevalência de parasitose correspondeu a 64,2% do total. Quanto aos geohelmintos, a prevalência foi de 21,1%, sendo que a espécie mais encontrada foi Ascaris lumbricoides (13,6%), seguida por Ancilostoma duodenalis (9,0%). Para os protozoários patogênicos, identificou-se uma prevalência de 20,0%, com maior frequência para a espécie Giardia lamblia (16,4%). A variável “sexo” só apresentou associação com a chance de infestação por geohelmintos, 67% superior entre os homens. A positividade para geohelmintos foi maior em todas as faixas etárias quando comparadas àquela composta por crianças de 0 a 4 ano. Residentes em domicílios com acesso à água tratada foram menos propensos a serem positivos para geohelmintos, protozoários patogênicos e qualquer enteroparasita. Conclusões: O estudo mostra que a ocorrência dessas parasitoses está relacionada às baixas condições socioeconômicas e evidencia a necessidade de repensar intervenções públicas e ações preventivas e de controle para as enteroparasitoses na região.