O diagnóstico precoce em câncer infantojuvenil é um desafio, primeiramente em desconfiar da doença, pela sua raridade, e outrossim pela dificuldade no encaminhamento para a investigação diagnóstica e/ou para o tratamento em centros especializados (OPS, 2022). Para além das observações técnicas da doença e as dificuldades da gestão do sistema público de saúde, as particularidades pessoais e da formação do profissional de saúde que atende à criança pós-terapia têm efeitos para o diagnóstico precoce e, consequentemente, prognóstico da doença e qualidade de vida do sujeito. Essa problemática conduz à afirmação, que além de um problema da insuficiência do sistema público, há algo de ordem subjetiva do profissional de saúde com a representação da criança com câncer infantojuvenil, o que tem como efeito uma negação desse problema de saúde e dificulta sua atenção e cuidados devidos. Este trabalho tem o objetivo de discutir os afetos mobilizados pelos profissionais da atenção primária à saúde face à criança/adolescente com câncer a partir de intervenções que promovam a sensibilização de conhecimentos e de afetos.