Introdução: A dor é resultado de uma série ampla de interações nervosas, sistêmicas, metabólicas e de resposta imunológica, moduladas por fatores ambientais, culturais, físicos e afetivos que são capazes de gerar características específicas para cada indivíduo. São identificados 3 tipos de dor de acordo com a origem do estímulo: dor nociceptiva mecânica, dor nociceptiva inflamatória e dor neuropática. Quanto à cronicidade, a dor crônica é aquela com duração maior que 3 meses e que pode não ter mais ligação com a causa inicial, tornando-se a dor a doença em si. O sistema endocanabinoide está envolvido em muitos processos fisiológicos, a antinocicepção induzida por canabinoides age em vários níveis nas vias sensoriais da dor, ativando vias antinoceptivas que são mediadas por canabinoides. Objetivo: Analisar a partir de revisão de literatura evidências do potencial antinociceptivo do sistema endocanabinoide no manejo da dor e, principalmente, da dor crônica. Métodos: Revisão bibliográfica realizada por meio de busca nas bases de dados PubMed, BVS e Google Scholar, com a seleção de 9 artigos. Resultados: Os canabinoides endógenos e os derivados da Cannabis são capazes de ligar-se por afinidade aos receptores CB1 e CB2, resultando, em última instância, no bloqueio dos canais de cálcio com diminuição da exocitose de glutamato e substância P – neurotransmissores envolvidos na dor –, além de modulação dopaminérgica. Desse modo, os canabinoides podem suprimir a transmissão nociceptiva nas vias periféricas, espinais e supraespinhais. As principais utilizações de canabinoides exógenos se observam na dor neuropática e na dor oncológica refratária ao tratamento. Os pacientes que utilizaram derivados da Cannabis relataram melhora de qualidade de vida em quase todos os estudos, porém, muitos apresentavam limitações que dificultam a aceitação dos resultados como conclusivos. Conclusão: Por se tratar de uma questão com interesse e descobertas científicas recentes, muitos estudos ainda apresentam amplas limitações que tornam imprescindível que mais pesquisas sobre a temática sejam realizadas. Efeitos colaterais, efeitos psicotrópicos secundários e diferença de resposta de acordo com o sexo e regulação hormonal ainda permanecem pouco explorados.