Introdução: O progresso científico na área de transplantes nas últimas décadas propicia interesse crescente da sociedade quanto ao conceito e aos critérios diagnósticos de morte encefálica. O processo de doação de órgãos é compreendido como ações e procedimentos que conseguem transformar um possível doador em um doador efetivo incluindo seis fases: a identificação do potencial doador, notificação, avaliação, diagnóstico de morte encefálica, manutenção do doador, entrevista familiar, documentação de morte encefálica e aspectos logísticos. Objetivo: Identificar as causas de morte encefálica dos doadores efetivos de órgãos dos estados nordestinos nos anos de 2010 a 2019. Metodologia: Estudo ecológico de série temporal, realizado no mês de novembro de 2020. Foi realizado por meio dos dados publicados no Registro Brasileiro de Transplantes. Foram inclusas todas as notificações de potenciais doadores e doadores efetivos de órgãos sólidos realizadas nos estados do nordeste brasileiro no período de 2009 a 2019. Resultados: Há um aumento de vítimas decorrentes de morte encefálica em consequência de Acidente Vascular Cerebral. Em 2010 esse número correspondia a 34,49% do motivo das mortes dos doadores, chegando a 47,10% em 2014. Observa-se que a partir de 2014, houve uma inversão das causas de morte encefálica, antes predominada por Traumatismo Cranioencefálico (42,36%). De 2014 pra cá, o Acidente Vascular Cerebral (47,10%) apresentou-se como principal causa da morte encefálica, se mantendo até 2019 em 40,63% e 46,83%, respectivamente. Conclusão: Houve um discreto avanço no índice de doações de órgãos, na Região Nordeste, nos últimos dez anos, quando comparados o primeiro e último ano do estudo. Maior rapidez no diagnóstico de morte encefálica e a utilização do exame clínico completo foram elementos importantes nesse processo para aumentar o número de órgãos captados em tempo hábil.