Introdução: A leishmaniose visceral (LV) é considerada uma doença tropical negligenciada. Nas Américas, o Brasil se destaca por apresentara maior incidência de casos, em que cerca da metade desses, são notificados na região Nordeste. Indivíduos imunodeprimidos com HIV-AIDS são mais vulneráveis ao agravamento da LV devido ao comprometimento do sistema imunológico e dificuldade da eficiência no tratamento terapêutico, levando a uma maior letalidade em indivíduos com LV-HIV. Objetivo: Investigar a incidência da coinfecção LV-HIV e descrever características clínico-epidemiológicas e demográficas dos casos de coinfecção, no Nordeste do Brasil, durante o período observado. Metodologia: Estudo ecológico que incluiu casos notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) em 1.794 municípios do Nordeste brasileiro no período de 2010 a 2018. Após a coleta de dados foi realizada a tabulação quantitativa e análise descritiva das características clínico-epidemiológicas e demográficas dos casos de LV-HIV e posteriormente a determinação das taxas brutas de incidência (por 100.000 habitantes). Por se tratar de uma pesquisa com análise de dados secundários, não foi necessário a utilização do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Resultados: O Nordeste apresentou um total de 18.307 casos de LV, desses 1.550 são casos confirmados de LV-HIV, sendo que, 83% (1.232) da amostra são homens, na faixa etária de 20-59 anos (850;54,8%), de cor de pele não branca (1.422;91,74%), de baixa escolaridade (550;35,48%) e residentes de zona urbana (1.243;80,19%). Dois estados se destacaram por apresentar metade dos casos notificados na região, Maranhão (490; 31.61%) e o Ceará (407; 26.26%). Conclusão: A coinfecção LV-HIV apresenta-se de maneira dispersa no Nordeste, com maior ocorrência relacionada às características sociodemográficas descritas. Dessa forma, reforça-se a importância de implementação de estratégias específicas em população de alto risco que possam contribuir para a redução dos casos e letalidade.