A dor é uma experiência complexa, multifatorial, resultante de um distúrbio patológico ou lesão, que também envolve componentes biopsicossociais. Embora a dor seja reconhecida como importante problema mundial, seu controle ainda representa um desafio da medicina contemporânea, para qual a resposta farmacológica é insatisfatória e com efeitos adversos significativos. Assim, novas estratégias de tratamento são emergentes. Nos últimos anos, evidências crescentes sugerem que a suplementação com probióticos pode reduzir a dor de origens diversas, por meio da modulação de neurotransmissores, metabólitos, ou ainda da resposta inflamatória. Assim, o presente estudo objetivou discutir o emprego de probióticos como estratégias promissoras no manejo da dor. Trata-se de uma revisão narrativa, retrospectiva, exploratória e qualitativa, baseada na pesquisa de artigos científicos nas bases de dados: PubMed, SciELO e Lilacs, estabelecendo critérios de seleção da amostra. Foram selecionados 45 artigos. Diversas evidências científicas têm reforçado o potencial de probióticos na modulação de condições dolorosas ao regular a microbiota intestinal. Em modelos pré-clínicos e clínicos de dor, cepas probióticas, com destaque para os gêneros Lactobacillus e Bifidobacterium, demonstraram melhores perfis de atividade. No cenário pré-clínico, diversas cepas apresentaram propriedades antinociceptivas, particularmente em modelos de dor inflamatória e neuropática. Os efeitos foram associados à modulação de citocinas e neurotransmissores. Os ensaios clínicos também reforçam os efeitos terapêuticos dos probióticos em diversos tipos de dor em crianças e adultos. Frente à diversidade de mecanismos no controle da dor, é sugerido um perfil de ação modificador do curso da doença. A baixa evidência de efeitos adversos, dependência ou tolerância ressaltam a segurança e configuram a suplementação probiótica como uma estratégia tolerável e de grande interesse comercial e industrial. Essas descobertas ampliam as perspectivas para o manejo da dor, destacando a importância da microbiota e dos probióticos como estratégias terapêuticas promissoras, com importante potencial tecnológico para geração de produtos.