A cardiomiopatia chagásica, forma clínica mais comum e mais grave da doença de Chagas, é caracterizada pela presença de insuficiência cardíaca, tromboembolismo e arritmias malignas, destacando-se pelo pior prognóstico quando comparada à outras cardiomiopatias. No contexto da doença de Chagas, geralmente endêmica em regiões com baixos índices de desenvolvimento humano, é essencial estabelecer estratégias terapêuticas simples e de baixo custo, como o treinamento físico. Dessa forma, o objetivo do presente estudo é discutir o efeito do treinamento físico na capacidade funcional, função autonômica, função cardíaca, marcadores bioquímicos e qualidade de vida relacionada à saúde nesses pacientes. Para isso, foram realizadas buscas nas bases de dados MEDLINE, LILACS, Web of Science e PEDro, acrescida de busca manual, utilizando a combinação das palavras-chave “cardiomiopatia chagásica”, “exercício físico” e “treinamento físico”. Foram encontrados nove estudos de acordo com os objetivos estabelecidos. Todos os estudos que avaliaram a capacidade funcional demonstraram aumento da mesma após treinamento físico, independentemente do tempo de treinamento. Um ensaio clínico randomizado verificou diferenças significativas na função autonômica após treinamento físico em pacientes sem disfunção ventricular, com redução da atividade simpática e aumento da atividade parassimpática. O treinamento físico também reduziu os níveis do peptídeo natriurético cerebral, importante marcador de gravidade da doença. Além disso, foi capaz de estabilizar os níveis de marcadores anti e pró-infamatórios. Quanto à melhora da função cardíaca, os dois estudos encontrados mostraram resultados discordantes. Já a qualidade de vida relacionada à saúde, dois diferentes questionários de qualidade de vida foram utilizados, apresentando melhora significativa no questionário genérico. Conclui-se, portanto, que o treinamento físico é uma ferramenta eficaz na melhora da capacidade funcional e marcadores de gravidade da doença dos pacientes com cardiomiopatia chagásica. Entretanto, mais estudos são necessários para comprovar a eficácia do treinamento físico em diferentes preditores de sobrevida.