A violência sexual de crianças e adolescentes revela um complexo contexto de poder que enfatiza as relações sociais entre os sexos e demanda políticas e ações integradas entre diversos setores. Ela é capaz de impactar negativamente o desenvolvimento do indivíduo, sua saúde física e mental. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo caracterizar a violência sexual de crianças e adolescentes no Brasil e analisar sua evolução temporal de 2017 a 2021. Trata de um estudo do tipo ecológico, descritivo, utilizando abordagem quantitativa, referente às notificações de violência sexual na população de 0-19 anos no Brasil, no período de 2017 a 2021. Os dados foram extraídos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no site do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram calculadas as taxas brutas anuais do evento, por sexo e faixa etária, e frequência relativa por local de ocorrência. O estudo identificou altas taxas de violência sexual de crianças e adolescentes nos últimos cinco anos (média de 46,3/100.000), principalmente na faixa etária de 10-14 anos (média 71,3/100.000), sendo as meninas as mais acometidas (média 81,5/100.000). A residência é o local onde ocorreram 67,0% dos casos notificados daquele tipo de violência. As taxas aumentaram até 2019 e reduziram nos anos de pandemia. Conclui-se que crianças e adolescentes constituem população vulnerável à violência sexual no Brasil e que o contexto de pandemia pode ter contribuído para a subnotificação dos casos.