DEFINIÇÃO DO QUADRO E FISIOPATOLOGIA
A anafilaxia representa o espectro mais grave das reações alérgicas. Os sinais e sintomas da doença surgem de forma súbita (minutos a algumas horas) após exposição ao alérgeno, acometendo mais de um sistema orgânico (sistemas respiratório, cardiovascular, gastrintestinal e cutâneo), podendo envolver mais de 40 manifestações clínicas, que variam de leves até graves e fatais.
A imunoglobulina E (IgE) está relacionada ao principal mecanismo responsável pela maior parte dos casos de anafilaxia. O mecanismo tem seu início com a diferenciação de células B em células produtoras de IgE por estímulo das células Th2 e de citocinas inflamatórias (como IL-4 e IL-13), no tecido linfoide periférico. Uma vez produzida, a IgE se difunde pelos tecidos, por via hematogênica e se acopla aos receptores de IgE nos mastócitos e basófilos, iniciando a sinalização intracelular, que resulta na desgranulação do mastócito, o qual libera histamina, triptase e fator de necrose tumoral, que agem nos tecidos causando os sintomas alérgenos ou recrutando outras células, como os eosinófilos, para ampliar a resposta inflamatória.
Outros mecanismos de anafilaxia já foram descritos, como as reações mediadas por IgG (que ainda não foram identificadas em humanos), as reações mediadas por complemento e a anafilaxia não imunológica (quando os alérgenos causam desgranulação súbita dos mastócitos e basófilos).