A Perturbação de Uso de Álcool (PUA) nas mulheres é um fenómeno que nas últimas décadas tem vido a aumentar consideravelmente. Apesar da prevalência da PUA no sexo feminino ainda ser significativamente menor que nos homens, verifica-se que esta diferença se tem vindo a esbater. Tal alteração é já notória no crescente número de pessoas do sexo feminino que procura tratamento para a dependência alcoólica. Considerando as consequências físicas, psicológicas e sociais da dependência de álcool nas mulheres, bem como o aumento da procura dos cuidados de saúde e a escassez de intervenções dirigidas a esta população, foi implementada num serviço de tratamento ambulatório de um hospital psiquiátrico de uma cidade portuguesa, uma Intervenção Grupal (IG) dirigida a mulheres com PUA.A sua dinamização semanal tinha como principal objetivo identificar as estratégias para lidar com as consequências do consumo de álcool com vista à promoção e manutenção da abstinência. Método: Na procura da sustentação da pertinência da intervenção e tratamento das mulheres com PUA, foi desenvolvido um estudo qualitativo com recurso a 3 Focus Grupo (FG) que congregaram um total de 24 participantes. A análise de dados foi realizada através da metodologia de análise de conteúdo segundo Bardin. Resultados: Os resultados apontam para a importância da IG na manutenção da abstinência uma vez que contribui para a diminuição da ansiedade e do estigma associado ao consumo. A capacitação para a mudança, o sentir-se integrada no grupo e o aumento da literacia sobre a doença são aspetos major da IG. Conclusão: A IG para mulheres com PUA é uma abordagem essencial no tratamento e na manutenção da abstinência.