O exercício da parentalidade, além de ser gratificante, também pode ser desafiador e complexo, sobretudo em circunstâncias sociais, económicas ou pessoais de maior vulnerabilidade. Dados da Organização Mundial da Saúde [OMS|WHO] (2020) revelam que, aproximadamente, três em cada quatro crianças, entre 2 e 4 anos, são regularmente expostas a castigos corporais e/ou violência psicológica por parte dos seus pais e cuidadores. Esta realidade compromete, assim, a saúde das crianças e impossibilitaas de alcançar todo o seu potencial de desenvolvimento, com impacto intergeracional e grande custo financeiro. A presente revisão da literatura revela que a intervenção dos profissionais de saúde, nomeadamente dos enfermeiros, com enfoque no apoio às famílias e à parentalidade, entre outra documentação, encontra sustentação na Convenção dos Direitos da Criança, nas recomendações europeias, nomeadamente na Recomendação (2006)19 do Conselho da Europa e no conjunto de estratégias INSPIRE (OMS, 2018; WHO, 2018). Na estratégia INSPIRE, com enfoque no apoio aos pais, às mães e aos cuidadores, é reconhecida a importância da disciplina positiva e da educação não violenta, assente na comunicação eficaz, na vinculação, em interações afetivas e positivas, na promoção do desenvolvimento infantil e na redução do uso de práticas parentais severas (OMS, 2018; WHO, 2018). Os enfermeiros, através da relação que estabelecem com as crianças e suas famílias, nos diversos contextos, ancorados em conhecimentos especializados e competências, ocupam uma posição única e privilegiada no apoio às famílias e à parentalidade e concomitantemente na prevenção e no combate à violência contra crianças. Ao apoiarem famílias e a parentalidade, através de uma prática suportada em evidência, os enfermeiros contribuem para o desenvolvimento de gerações futuras mais saudáveis e resilientes, o que se traduz numa oportunidade única e necessária para apoiar um crescimento sustentável, regenerativo e inclusivo da sociedade.