A radioproteção é parte fundamental da biossegurança que envolve os empregadores e prestadores de serviços que usam radiação ionizante em suas atividades laborais. Entretanto, acidentes são possíveis, especialmente quando as medidas de radioproteção não são implementadas e adotadas com rigor. O objetivo deste estudo foi avaliar as exposições ocupacionais acidentais à radiação ionizante no Brasil. Foi realizado um inquérito epidemiológico com as notificações de acidente de trabalho ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN). O local de estudo foi o Brasil e o período foi delimitado entre 2006 e 2023. Foram consideradas as características dos indivíduos, as circunstâncias do acidente e a evolução dos casos. A análise dos dados foi baseada em estatística descritiva e inferencial, considerando um nível de significância de 5%. Foram notificados 81 acidentes ocupacionais envolvendo a exposição à radiação ionizante entre 2006 e 2023 no Brasil. A maioria dos trabalhadores envolvidos era do sexo masculino (87,7%), com idade entre 20 e 34 anos (43,2%), brancos (51,9%), com ensino médio/técnico (24,7%) e residentes na região Sudeste (48,1%). Além disso, a maioria dos acidentes foi típico (88,9%) e a maioria dos indivíduos estavam registrados como empregados (67,9%). As notificações foram, em maioria, realizadas entre quatro e oito horas após a jornada de trabalho (32,1%), assim como a maioria dos indivíduos recebeu atendimento médico (95,1%).Ademais, a região de cabeça e pescoço foi a mais afetada(60,5%), a maioria dos indivíduos evoluíram para cura (49,4%) e somente um óbito foi notificado (1,2%). Foi possível observar que houve um aumento nos números anuais entre 2006 e 2023 (p-valor = 0,002). Portanto, conclui-se que é necessário aprimorar as ações de biossegurança direcionadas à radioproteção para conter o aumento dos acidentes ocupacionais envolvendo radiação ionizante.