A compreensão da cárie dentária evoluiu significativamente e hoje ela é entendida como uma doença provocada pelo desequilíbrio do biofilme bacteriano devido a fatores como dieta cariogênica e má higienização, resultando em lesões cariosas. O manejo tradicional era focado exclusivamente na remoção total do tecido cariado, ocasionando sobretratamentos e adentrando no ciclo restaurador repetitivo. Já o manejo atual foca na remineralização e no manejo biológico das lesões cariosas, visando controlar a doença e preservar o dente pelo maior tempo possível, seguindo os paradigmas da Odontologia Minimamente Invasiva baseada em evidências científicas. Entretanto, ainda é evidente uma grande variabilidade de diagnóstico e decisão de tratamento entre os dentistas. Muitos profissionais ainda utilizam métodos restauradores convencionais sem alterar os fatores biológicos, mesmo quando abordagens menos invasivas seriam mais indicadas. A decisão de tratamento é influenciada pela idade do dentista, seu conhecimento sobre a cárie, fatores financeiros, crenças pessoais e necessidade dos pacientes. É crucial que dentistas, educadores, órgãos reguladores e financiadores de serviços odontológicos implementem a abordagem atual, tornando-a padrão na Odontologia. Investir na capacitação dos profissionais é, portanto, um passo fundamental para elevar o padrão de cuidado com a saúde bucal oferecido à população.