Analisar as contradições que a pandemia de COVID-19 coloca em evidência, a partir dos documentos oficiais publicados no Brasil e na França, à luz do referencial teórico e metodológico da Análise Institucional. Estudo qualitativo, documental, retrospectivo, multicêntrico, tendo como fonte primária as legislações brasileiras e francesas, como leis, decretos, portarias, resoluções e medidas provisórias, disponibilizados eletronicamente. Os dados foram coletados entre os meses de abril e julho de 2020, a partir de documentos oficiais brasileiros publicados no período de 03 de fevereiro a 04 de junho de 2020 e documentos oficiais franceses publicados no período de 24 de janeiro a 10 de julho de 2020. O material analisado foi composto por 553 documentos brasileiros e 768 franceses. As contradições expostas pelo analisador pandemia foram: 1) o hospital e a medicalização que trata da centralidade na montagem de centros especializados, com baixos investimentos em medidas nos territórios, na atenção primária à saúde e na promoção da saúde; 2) Normalização e vulnerabilidades que tratam das medidas cabíveis para as classes médias, invisibilizando a pobreza e a diferença de classes sociais e, ainda, a afirmação e a negação da ciência hegemônica. A pandemia apresenta-se como potente analisador histórico, visto que dá visibilidade e dizibilidade às contradições na gestão em saúde. Materializa-se a lógica de mercado na saúde, em que características atuais do biopoder e do neoliberalismo homogeinizam formas sociais de viver, impondo o apagamento das diferenças. Há ainda a afirmação da centralidade do hospital e da medicalização.