O ciclo gravídico-puerperal é considerado uma fase de grandes transformações na trajetória existencial da mulher. A transição para esse novo papel - mãe - é tortuosa e resulta em maior suscetibilidade às doenças psiquiátricas. Dentre os transtornos psiquiátricos associados ao parto, destacam-se a disforia puerperal, a depressão pós-parto e a psicose pós-parto. A etiopatogenia dos transtornos psiquiátricos na gestação é complexa e envolve uma interação entre fatores psicológicos, sociais, biológicos, genéticos e ambientais. A variação fenotípica desses distúrbios requer uma abordagem cautelosa para investigação e planificação do tratamento. Os objetivos do tratamento desses transtornos são reduzir os sintomas maternos e melhorar a relação materno-infantil e familiar. A psicoterapia possui evidências positivas em todos os âmbitos e deve ser considerada, embora nem sempre seja suficiente. Todavia, a inserção do tratamento medicamentoso é tema de discussão, considerando os possíveis efeitos adversos que podem acometer o bebê, tanto na gestação, quanto na lactação, apesar de ser notória a sua necessidade, especialmente em casos moderados e graves. De todo modo, os riscos e benefícios de cada opção terapêutica devem sempre ser considerados. Devido à importante morbidade dessas doenças, é imprescindível que haja maior conhecimento do tema por parte dos profissionais de saúde, de modo que haja identificação precoce e tratamento adequado. Este capítulo visa abordar as evidências mais atuais sobre aspectos relevantes acerca de depressão periparto, blues puerperal, psicose pós-parto e ansiedade pós-parto.