A saúde é um direito fundamental de segunda geração e, como tal, requer uma provisão positiva por parte do Estado, resultando em mistanásia quando não ocorre de forma eficaz. Este estudo avaliou a influência dos determinantes sociais na saúde, alimentação e educação e a ocorrência de mistanásia em indivíduos de cinco a 74 anos em 2019. Foi realizado levantamento de óbitos por causas evitáveis na base de dados DATASUS e, adicionalmente, um estudo exploratório de artigos em português entre 2010 e 2021 no Google Scholar e no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Os descritores utilizados incluíram a mistanásia combinada com determinantes sociais da saúde, direitos fundamentais, bioética, políticas públicas, exclusão social e saúde. Ocorreram 750.063 óbitos que poderiam ser reduzidos por meio de ações de imunoprevenção (0,1%); ações de promoção, prevenção, controle e cuidado contra doenças infecciosas (10%), doenças crônicas não transmissíveis (46%), causas maternas (0,2%), causas externas (16%), causas mal definidas (5%) e demais causas (23%) e 5.309 (0,7%) óbitos por desnutrição. Quanto ao grau de instrução, 11% eram analfabetos; 20% tinham de 1 a 3 anos de estudo; 25% de 4 a 7 anos; 21% de 8 a 11 anos; 6% com mais de 12 anos e 16% com escolaridade desconhecida. Os artigos confirmaram que a mistanásia é mais prevalente em grupos socialmente vulneráveis, com ou sem acesso a informações sobre prevenção e tratamento de doenças; que vivem em condições insalubres, com pouca ou nenhuma alimentação adequada e com baixa escolaridade. Conclui-se que o Estado tem sido ineficiente em garantir o direito à saúde e que os determinantes sociais da saúde podem ser utilizados como vetores de ações e políticas públicas efetivas voltadas aos grupos sociais mais vulneráveis, a fim de reduzir a ocorrência de mistanásia nestes.