Embora a saúde seja um direito constitucional, instituída pelos princípios de integralidade, universalidade e equidade do Sistema Único de Saúde (SUS), ainda há enormes desigualdades e barreiras ao acesso, em especial das comunidades remanescentes de quilombo (CRQ). Este trabalho visa analisar políticas, programas e ações de equidade em saúde voltadas às CRQ Kalunga do estado de Goiás. Um estudo de casos múltiplos, com abordagem qualitativa, que analisou documentos oficiais do âmbito nacional e municipal de Cavalcante e de Teresina de Goiás. Estes municípios compreendem a comunidade Kalunga, a maior CRQ do Brasil. A análise de dados sustentou-se no método de análise documental de Cellard, composta por duas etapas, uma preliminar e outra a análise propriamente dita. Dos cinco documentos analisados, três em nível nacional e dois municipais, apenas três elencavam ações específicas de promoção da equidade em saúde voltadas às CRQ, sendo eles o Programa Brasil Quilombola (PBQ), a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta (PNSIPCF). Constatou-se que não há políticas ou programas de promoção de equidade em saúde para CRQ no estado de Goiás ou nos municípios que integram as comunidades Kalunga. Nos Planos Municipais de Saúde (PMS) de Cavalcante e Teresina de Goiás, foram identificadas ações para ampliação da Atenção Básica em Saúde no território quilombola. Entretanto, tornam-se insuficientes diante das profundas desigualdades sociais. Após análise, evidenciou-se a falta de acesso às políticas de equidade em saúde no território quilombola.