A morte de uma mulher que ocorre durante a gestação é uma verdadeira tragédia, tanto do ponto de vista pessoal, quanto de saúde pública, uma vez que suas principais causas são, na grande maioria das vezes, evitáveis. Assim, a falta de políticas públicas claras ou ações ineficientes de enfrentamento a este fenômeno, por parte do poder público, demonstra o descaso das autoridades constituídas com a saúde da mulher, em um momento tão especial de sua vida. Este trabalho teve como objetivo identificar, por meio de pesquisas bibliográfica e documental, o perfil epidemiológico das mulheres vítimas de morte materna e conhecer as políticas públicas do Estado do Amapá voltadas ao enfrentamento e combate à Mortalidade Materna no período entre 2014 e 2019, bem como seus resultados ao longo do tempo. A presente pesquisa revelou que o perfil epidemiológico da mulher amapaense com maior probabilidade de ser vítima de Mortalidade Materna tem idade entre 20 e 29 anos (40,6 %), é solteira (57,8 %), é de etnia parda (78 %), com tempo de escolaridade entre 8 e 11 anos (32,8 %) e agravo durante o puerpério (57,8 %), dentre estes, sendo a hipertensão com maior predominância (21,9 %). Apesar do pequeno volume de dados, é possível observar grandes oscilações e resultados insatisfatórios quanto a redução sustentada do número de óbitos maternos ao longo dos anos. No entanto, observa-se uma tendência de queda destes números, a partir de análise temporal por regressão linear. Porém, não é possível inferir se esta redução reflete o resultado de políticas públicas com essa finalidade. A busca por informações que demostrassem quais as políticas públicas de enfrentamento à mortalidade materna no Amapá revelou que o Estado não possui instalado um Comitê de Mortalidade Materna, mas criou a Rede Materno Infantil Mãe Tucuju, como um conjunto de ações que viam garantir atendimento à mulher grávida de acordo com as diretrizes do Ministério da Saúde. Apesar disso, o Amapá ainda não conseguiu reduzir drasticamente as taxas de Mortalidade Materna e parece estar longe de alcançar este resultado, uma vez que ainda figura entre um dos maiores índices de morte materna do Brasil. Portanto, o poder público precisa dar maior publicidade sobre suas ações, bem como são necessários mais estudos que revelem os fatores determinantes deste fenômeno para, assim, orientar as ações do governo no combate à MM permitindo que Amapá contribua para o sucesso do Brasil no cumprimento da Agenda 2030.