Intoxicações exógenas acidentais ou intencionais são um problema de relevância em saúde pública, que acomete até 3% da população mundial, o que torna imprescindível a busca por informações que possibilitem conhecer sua magnitude. Este estudo analisou as características das intoxicações exógenas na IV Macrorregião de Saúde Pernambucana no período de 2010 a 2020, visando auxiliar ações de prevenção. Tratou-se de um estudo transversal, retrospectivo, com análise quantitativa à partir de informações extraídas das Fichas de Notificação e Investigação Epidemiológica (FIE) do Estado de Pernambuco. Dados foram submetidos à análise estatística descritiva e apresentados em números absolutos e porcentagem simples. Foram 2147 ocorrências principalmente por tentativa de suicídio (42%) e acidental (41%), com destaque para as via digestiva (74%) e respiratória (11%), respectivamente. Tentativas de suicídio ocorreram por ingestão de inseticidas (26%), produtos de limpeza (20%) e raticidas (14%) e circunstâncias acidentais pela inalação de inseticidas (39%). Locais de ocorrência foram residências urbana (45%) e rural (28%) e no trabalho agropecuário (10%). Intoxicações foram principalmente do tipo aguda única (85%) onde 41% dos agrotóxicos de uso agrícola eram inseticidas, 84% dos dominossanitários eram produtos de limpeza e 63% dos agrotóxicos de uso doméstico raticidas. Considerando a profissão 27% eram trabalhadores ligados à agropecuária e 10% estudantes. Conclui-se que a maioria das intoxicações exógenas é do tipo aguda única, em residência urbana, por tentativa de suicídio, pela ingestão de inseticidas agrícolas, raticidas e produtos de limpeza, indicando a necessidade de maior fiscalização e controle do uso de agrotóxicos.