Introdução: A existência transexual é atravessada por diversos episódios que ferem a sua dignidade, pois a forma como expressam sua identidade sexual vai de encontro ao que é difundido socialmente como “normal”. Por isso, setores como o educacional e o mercado de trabalho formal são diretamente influenciados, tendo em vista que sua vulnerabilidade dificulta que atinjam tanto altos índices escolares quanto o alcance de ocupações formais, os condicionando à marginalidade. Objetivo: Relatar as experiências que a transexualidade expõe a homens transexuais nos ambientes acadêmicos. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo descritivo, transversal e qualitativo. Realizado em agosto a outubro de 2019, em um município do Baixo Amazonas, Pará. Os dados foram coletados por meio de entrevistas a três homens transexuais, estudantes de ensino superior. Esse estudo possui aprovação no Comitê de Ética e Pesquisa sob o parecer n° 3.530.916. Resultados: Observou-se que apenas um sujeito não relatou constrangimentos no ambiente acadêmico, tendo boa convivência e nenhum direito desrespeitado, atribuindo a isso suas características sexuais masculinas bem consolidadas. Entretanto, dois alegaram enfrentar obstáculos, como exposições por um professor, que resistiu em garantir o direito de ser tratado pelo nome social. Sendo relatadas também dificuldades burocráticas no setor encarregado do uso do nome social da própria universidade, que conta com um processo lento que desencorajou um dos participantes a seguir com o pedido de alteração do nome, tendo então que utilizar o nome civil em sua frequência. Conclusão: As instituições de ensino apresentam diversos problemas na inclusão de transexuais, perceptível na infração a direitos advindas da própria comunidade interna e nos obstáculos no acesso a serviços que são direito do grupo. Esses achados se equiparam as demais pesquisas científicas sobre os problemas enfrentados pelo grupo, permitindo reflexões acerca da negação de direitos básicos da população trans.