A construção de barragens no nordeste brasileiro foi a principal política pública de combate às secas implementada até o final do século XX, tanto por órgãos federais, quanto estaduais. Em decorrência disso, várias barragens encontram-se hoje com elevado tempo de construção, pouca manutenção e muitas vezes com inúmeras anomalias. Em abril de 2018, prestes a completar 25 anos de operação, a barragem do Bezerro, localizada no município de José de Freitas, no estado do Piauí, teve que ser submetida a ações corretivas devido a anomalias no maciço terroso identificadas em inspeções corriqueiras realizadas pelos próprios moradores locais. A intervenção teve que ser realizada em caráter emergencial, tanto pelo elevado dano potencial associado e alta categoria de risco, quanto por se tratar de uma compilação de situações desfavoráveis potencializando a rápida progressão de um tubo erosivo (“piping”). Nesse artigo são relatadas as principais anomalias encontradas em barragens de terra, um histórico de acidentes e incidentes ocorridos em barragens no Piauí e a análise crítica das técnicas corretivas utilizadas no caso da barragem do Bezerro.