Após a ruptura da Barragem Fundão (2015) e 1 (2019), a política nacional de segurança de barragens apresentou diversas alterações (Lei nº 14.066/2020), proibindo a construção de novas barragens com alteamentos a montante e exigindo a descaracterização daquelas já construídas por este método construtivo. Neste contexto, a descaracterização de barragens construídas pelo método de montante requer cautela e critérios bem estabelecidos de projeto e controles efetivos na execução, de forma a evitar gatilhos que possam gerar liquefação na estrutura. Este estudo de caso apresenta a metodologia aplicada para a descarcaterização de uma barragem alteada a montante, contemplando a escavação do rejeito do reservatório e dos alteamentos da estrutura. O rebaixamento dos níveis freáticos ocorrerá em função das escavações no rejeito, sendo aplicadas metodologias diferentes na praia de rejeitos e no restante do reservatório. As escavações permitem a redução do grau de saturação do rejeito, melhorando sua condição não drenada que é um dos condicionantes para a ocorrência da liquefação estática e, ainda, promove o alívio de tensões de forma controlada. As obras de descaracterização desta estrutura serão executadas em sete fases, tendo sido concluída a Fase 1 em 2023, quando ocorreu o início das atividades. Durante todo o perído de execução do projeto e da obra foram avaliados os dados de instrumentação existente e a estabilidade da estrutura, cujos resultados refletem o direcionamento do fluxo para montante, resultando numa melhoria da condição de segurança da barragem.