Na geotecnia, um dos aspectos críticos a serem considerados é a capacidade de um material de suportar cargas abruptas, sem expulsar a água contida em seus poros, um atributo conhecido como resistência não drenada. Esse aspecto é crucial em projetos de grande magnitude, como a construção de barragens e a gestão de pilhas de rejeitos de mineração. Para avaliar tal característica, muitos profissionais recorrem ao ensaio de palheta, uma prática endossada pela literatura. No entanto, essa abordagem, por si só, pode não ser suficiente, uma vez que requer uma análise aprofundada do perfil do solo e seu grau de saturação. Para aprimorar a precisão dos resultados, muitos profissionais combinam as informações do ensaio de palheta com os dados do CPTu, proporcionando uma visão mais abrangente do perfil do subsolo. Contudo, é importante destacar que as análises baseadas no CPTu, normalmente ajustadas para solos naturais, podem não ser as mais adequadas para materiais processados, como é o caso dos rejeitos de mineração. Diante dessa complexidade, o presente estudo desenvolveu um modelo para a determinação da resistência não drenada dos rejeitos de minério de ferro via parâmetros do CPTu. Para isso, foi utilizado um banco de dados composto por 93 observações provenientes de quatro locais distintos do Quadrilátero Ferrífero. Desenvolveu-se um modelo de regressão linear multivariada com uma validação cruzada K-Fold com k variando de 2 a 10. O modelo mais promissor, com k-fold igual à 10, exibiu um R2 de 0,75, MAE de 24,46 MPa e RMSE de 34,37 MPa, valores promissores quando comparados às metodologias usuais.