Os incidentes e acidentes envolvendo barragens de rejeito na última década, culminaram na reflexão do modo operacional tradicional da mineração. O uso das barragens vem sendo amplamente desafiado e questionado do ponto de vista social, ambiental e técnico e novas alternativas para a continuidade da mineração se fazem necessárias. O processamento mineral sem a produção de rejeitos ainda não é a realidade da grande maioria dos complexos minerários. Contudo, há um consenso entre as empresas de mineração sobre a necessidade de implementar processos e operações mais sustentáveis e alinhados com a proposta ESG. O empilhamento de rejeitos filtrados é uma destas alternativas e propostas. Surgiu em função deste desejo das empresas de mineração e face à impossibilidade de licenciamento de novas barragens ou operação das barragens existentes. O processo é relativamente novo e desafiador. O GISTM (Global International Standard Tailings Management) vem sendo utilizado como balizador de boas práticas do processo. Contudo, por exemplo no Brasil, não existe nenhuma legislação vigente atualmente. Além disso, existem os desafios técnicos, sociais e ambientais. Empilhar rejeito filtrado em regiões tropicais como o Brasil, onde o verão é caracterizado por índices pluviométricos elevados, requer rigor e disciplina operacional. A definição e manutenção dos controles tecnológicos também não são triviais, assim como os controles e as condicionantes ambientais e sociais. Contudo, a mineração vivencia franca evolução neste processo ao longo dos últimos anos. O complexo minerário de Itabira, situadona cidade de mesmo nome, completou 80 anos em 2022, sendo as barragens de rejeito estruturas imperativas e necessárias para o empreendimento. No entanto, desde 2022 tem havido mudanças nesse cenário. O complexo minerário de Itabira filtra e empilha 80% de todo o rejeito produzido, com expectativa de atingir patamar de 100% ao longo dos próximos anos. Em massa, corresponde ao maior empilhamento de rejeito filtrado de minério de ferro no mundo, com produção aproximada de 60 mil toneladas por dia. Geograficamente, o complexo minerário apresenta enorme influência social. Este compõe a paisagem da cidade e grande parte das estruturas geotécnicas, incluindo as pilhas de rejeito, fazem limite com o perímetro urbano e em alguns casos são geometricamente limitadas por este. Este trabalho apresenta as evoluções, lições aprendidas e desafios enfrentados ao longo dos últimos anos no maior processo de empilhamento de rejeito filtrado de minério de ferro no mundo.