Movimentos de massa em encostas de grandes inclinações são fenômenos frequentes, cuja importância do ponto de vista da engenharia é maior quando próximos a obras de infraestrutura significativas. Esse fenômeno pode ser desencadeado por fatores decisivos que intensificam a instabilidade de uma encosta, como escavações no terreno natural existente, que podem desestabilizar a massa de solo, eventos pluviométricos ou características hidrogeológicas particulares das massas. Este artigo apresenta o estudo de estabilização geotécnica de uma encosta localizada em uma região de inclinação acentuada, com mais de 200 m de altura, onde está instalado o circuito de alta pressão de uma Usina Hidrelétrica Brasileira. Esta é uma encosta geotecnicamente complexa, com a presença de três formações geológicas distintas típicas das encostas no estado do Paraná: a Formação Serra Geral, a Formação Botucatu e a Formação Pirambóia. Os projetos de estabilização foram desenvolvidos com o objetivo de minimizar impactos na operação do empreendimento, garantindo a segurança necessária durante sua vida útil. A técnica de estabilização adotada envolveu o uso de uma solução mista para contenção da encosta após os cortes necessários para a construção de estruturas associadas à Usina. A solução mista para estabilização de encostas consistiu no uso da técnica de solo grampeado associada a muro de gabião, que proporcionou o atendimento dos critérios de segurança estabelecidos. Este é um estudo de estabilização desafiador do ponto de vista geotécnico, realizado em uma encosta cuja segurança possui significativa importância técnico-econômica. Além dos aspectos teóricos que guiaram o desenvolvimento do projeto, são apresentados aspectos práticos relacionados à execução de obras em encostas íngremes, bem como as técnicas de controle tecnológico, especialmente no que diz respeito aos testes de arrancamento. Dado que o solo grampeado foi realizado em material predominantemente arenoso, com textura variada e às vezes encontrado em estado altamente friável, a definição de tensões de arrancamento desempenhou um papel único no projeto da solução. Para alcançar o objetivo do estudo proposto, foi necessário avaliar o levantamento topográfico da área de estudo, antes e depois do movimento de massa, o que permitiu retroanálises bastante assertivas da cinemática do movimento observado em campo.