Desde o final do século XVII, a região de Ouro Preto, no Quadrilátero Ferrífero (MG), tem sido ocupada, inclusive em áreas suscetíveis a movimentos de massa. Estes movimentos têm causado instabilidade nas encostas, afetando diretamente benfeitorias e as vidas dos habitantes. Este estudo se concentra nos movimentos do tipo " rastejo" (creep), caracterizado pela baixa velocidade e pela grande magnitude e por serem influenciados pela precipitação pluviométrica e desencadeados por condições geológico-geotécnicas específicas e por atividades antrópicas, como cortes e aterros. A área de estudo é um talude no bairro São Cristóvão, zona urbana de Ouro Preto, onde se situa uma escola, interditada em decorrência do elevado grau de instabilidade. Na área afloram filitos da Formação Cercadinho, do Supergrupo Minas. A caracterização geotécnica envolveu a interpretação de imagens orbitais multitemporais, sondagens a trado e a percussão SPT, levantamentos geofísicos (eletrorresistividade) e instrumentação (piezômetros e marcos topográficos). O talude apresenta um perfil envolvendo rocha sã (impenetrável ao SPT) coberta por manto inconsolidado, envolvendo solos residuais, parcialmente transportados. Os piezômetros instalados na base do saprolito mostraram-se secos durante a estiagem, mas com níveis d´água crescentes durante o período chuvoso, reduzindo o fator de segurança e explicando a instabilização do talude.