Os solos, em geral, devido sua formação geológica, contém materiais com diferentes propriedades de resistência e permeabilidade. Este trabalho teve por objetivo analisar o impacto de intercalações de solos de menores e maiores permeabilidade no processo de saturação de uma encosta submetida a um regime de chuva e na estabilidade do talude. Os modelos analisados baseiam-se em sondagens de simples reconhecimento e coleta de amostras indeformadas realizadas na rua Brumal em Recife/PE. Os parâmetros de resistência adotados são resultados de ensaios realizados no Laboratório de Solos e Instrumentação (LSI/UFPE) e correlações a partir do NSPT. Ao longo das análises observou-se uma variação do Fator de Segurança devido a diferentes graus de saturação do solo arenoso. Essas diferenças de saturação ocorreram porque ocorria um impedimento da água escoar além do solo arenoso, mesmo este elemento apresentando uma permeabilidade maior que a intensidade da chuva, por causa da presença de solos argilosos abaixo e no sopé da encosta. Pelo mesmo motivo, o fluxo de água no solo apresentou componentes verticais e horizontais na tentativa de escoar para regiões de maior permeabilidade, ou seja, desviando das camadas argilosas. A saturação do solo arenoso e tendência da água de ir para altitudes menores, também podem indicar a ocorrência de fluxo na superfície da encosta e consequente erosão do solo. Este entendimento de como ocorre o processo de saturação do solo não homogêneo auxilia na análise de estabilidade de taludes com solo não saturado, assim como destaca a importância de realização de sondagens ao longo do solo de toda a encosta.