A segurança da fundação quanto ao colapso é fundamental, mas é o critério referente a recalques admissíveis sob condições de trabalho que, em geral, controla o projeto de fundações das edificações. O presente trabalho envolve o estudo de caso de uma edificação com área construída em torno de 200.000 m², localizada na região litorânea da Grande Vitória, no estado do Espírito Santo. As investigações geotécnicas compreenderam ensaios de campo e de laboratório. O perfil geotécnico apresenta camadas de solo com características de compressibilidade distintas, sendo a camada superficial composta de areia heterogênea, de compacidade variando de pouco compacta a compacta, de espessura variável, seguida de uma camada de arenito brando. As camadas em profundidade são constituídas predominantemente por solo argiloso de consistência mole a média. O Projeto Geotécnico de Fundações adotou a solução de fundações em sapatas e, onde necessário, foi adotada na camada superficial de areia a técnica de melhoramento de solo com colunas de brita e areia. Nessas condições, com solos superficiais competentes, mas com camadas de solos compressíveis em profundidade, é fundamental a determinação o mais precisa possível dos acréscimos de tensões no solo para a estimativa de recalques. Para situações de terreno com várias camadas de solo com rigidez distinta, a adoção de um modelo matemático que considere o solo homogêneo, mesmo em níveis de tensões pouco elevados, pode levar a resultados muito diferentes do real comportamento do solo. Nesses casos, a utilização de modelagem numérica, em geral, o Método dos Elementos Finitos, pode resultar em previsões de recalques mais precisas. O monitoramento dos recalques foi realizado desde a fase de construção e após a entrega do empreendimento, num período superior a cinco anos. Os recalques foram estimados utilizando diferentes metodologias para obtenção dos acréscimos de tensões em profundidade.