Mais de uma década após a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), ainda há desafios na promoção do gerenciamento integrado e sustentável – desde a separação na fonte até a disposição final – de resíduos sólidos urbanos (RSU) no Brasil. A compreensão acerca do comportamento geotécnico dos RSU é essencial para evitar a ruptura de taludes e impactos no meio ambiente e na saúde pública durante o encerramento de lixões a céu aberto e aterros controlados e o monitoramento de aterros sanitários. Todavia, a heterogeneidade dos materiais é um obstáculo para a amostragem representativa e a reprodução das condições de campo em laboratório, principalmente no que se refere a variações volumétricas devido à decomposição da matéria orgânica e poropressões causadas pelo acúmulo de líquido e gás. Alternativamente, a relação entre a resposta geoelétrica e propriedades geotécnicas, como teor de umidade e porosidade, tem sido explorada na Geotecnia Ambiental. Esse artigo revisa dados elétricos e eletromagnéticos obtidos em estudos conduzidos no país para resíduos aterrados, bem como correlações com a distribuição de chorume e o estágio de degradação. No geral, a presença de RSU foi associada a valores baixos de resistividade (& #60; 50 ?.m) e altos de cargabilidade (10-90 mV/V) em comparação com aqueles medidos no solo do entorno. As conclusões e limitações levantadas embasaram a proposta de uma abordagem metodológica para a investigação de áreas de disposição, incluindo métodos geofísicos não intrusivos em uma etapa exploratória que antecede a execução de furos de sondagem e ensaios de campo, entre outras ferramentas de prospecção geotécnica.