A importância de se avaliar a susceptibilidade à liquefação em estruturas de mineração decorre do potencial dano que sua ocorrência implica à sociedade e ao meio ambiente, bem como as consequências econômicas, sociais e políticas decorrentes. Compreender os aspectos condicionantes e os métodos necessários para afastá-la gera ganhos de segurança durante a operação e após o fechamento dessas estruturas. Sob esse ponto, o presente estudo propõe uma metodologia para avaliação de susceptibilidade à liquefação em rejeitos de minério de ferro filtrados e compactados pelo ensaio Direct Simple Shear (DSS) através da comparação entre as razões de resistência de pico obtidas do ensaio e o intervalo de valores da retroanálise de casos históricos de rupturas por fluxo. A metodologia constitui-se em revisão bibliográfica e estudo de caso em uma pilha de rejeitos filtrados e compactados, cujas amostras foram coletadas em diferentes locais e profundidades da estrutura. Os resultados mostraram que as razões de resistência nas baixas deformações cisalhantes, onde ocorre a maior mobilização de poropressão, aproximam-se dos intervalos dos casos históricos, elevando-se posteriormente até atingir a resistência de pico em grandes deformações devido à dissipação da poropressão. A resposta observada no ensaio DSS é consistente com a resposta dilatante das mesmas amostras ensaiadas em ensaios triaxiais CIU. O estudo demonstra que, tomados os cuidados para que a estrutura não adquira nível freático permanente dentro do aterro, o controle da mistura, filtragem e compactação conferem ao rejeito características que o diferencia dos materiais liquefeitos dos casos históricos.