O estudo dos solos moles requer uma análise criteriosa da qualidade das amostras indeformadas coletadas para ensaios laboratoriais. Devido às características intrínsecas à estrutura das argilas moles, são necessários cuidados especiais para preservar ao máximo suas propriedades originais. Contudo, reproduzir o estado de tensões do campo em laboratório é desafiador, especialmente no caso dos solos moles, mais suscetíveis ao amolgamento. O presente estudo visa fomentar discussões sobre a importância de analisar a qualidade de amostras “indeformadas” de solos moles para a correta interpretação dos resultados de ensaios realizados com essas amostras, a fim de desenvolver projetos baseados em parâmetros mais confiáveis. Para isso, foram avaliados ensaios de caracterização geotécnica e adensamento executados para o desenvolvimento de obras na Região Metropolitana de Aracaju (RMA). Os resultados revelam que todas as amostras coletadas sofreram algum tipo de perturbação. Possíveis falhas no controle de qualidade, desde a amostragem, até o transporte, armazenamento e moldagem dos corpos de prova, podem ter contribuído para esse efeito. A dificuldade em coletar amostras dessa natureza em depósitos de argilas inativas (potencialmente sensíveis) também foi observada, enfatizando a complexidade do processo. Esses resultados, obtidos em situações reais de aplicação (casos de obra), suscitam o debate sobre o tema, afinal, contribuições visando à melhoria dos processos relacionados à coleta de amostras de solos moles são necessárias a fim de evitar problemas como esse em obras futuras.