Pela sua natureza, as obras rodoviárias consomem um volume expressivo de materiais naturais. Nas misturas asfálticas, os agregados representam cerca de 95% do peso total, além do consumo nas camadas granulares. Segundo a Confederação Nacional do Transporte, em 2022, cerca de 67,5% dos 111.502 km de rodovias avaliados apresentaram condição ruim, regular ou péssima. No Tocantins, apenas 27,8% da malha foi considerada boa ou ótima, sendo que a única extensão em ótimas condições encontra-se no trecho concessionado (CNT, 2023). O consórcio ECO 153 assumiu a privatização da rodovia BR-153, entre Anápolis - GO e Aliança do Tocantins – TO, o que resultou na melhoria das condições de tráfego na via. Para tanto, foram realizadas extensas obras de restauração no pavimento flexível, gerando milhares de toneladas de material fresado, que atualmente estão depositadas em pilhas ao longo da rodovia. Considerando que a região tem previsão de receber novas obras de pavimentação e que o uso de resíduos de construção civil colabora com a redução de custos e do impacto ambiental, este trabalho tem como objetivo avaliar se o material fresado proveniente das obras de restauração pode ser reutilizado em camadas granulares de novos pavimentos. Para tanto, foram feitas coletas de material em três pontos de depósitos, nas cidades de Gurupi, Cariri e Figueirópolis, no Tocantins. Após a preparação, foram realizados os ensaios de análise granulométrica por peneiramento, de determinação da absorção e da massa específica. Também foram realizados os ensaios de compactação e CBR, na energia intermediária. O programa experimental seguiu os procedimentos das respectivas normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. Os resultados dos ensaios foram avaliados conforme a NBR 15115 (ABNT, 2004) que estabelece os requisitos para uso de agregados reciclados na pavimentação. Os resultados mostraram que a absorção dos materiais variou de 2,49% a 3,41% e a massa específica variou de 2,441 g/cm³ a 2,509 g/cm³. Em relação à análise granulométrica, apenas as amostras de Cariri do Tocantins e de Gurupi apresentaram Cu ? 10 e porcentagem passante na peneira n.º 4 entre 10% e 40%. Em relação à análise de CBR, foi observado que os materiais fresados não podem ser utilizados para compor camadas granulares, pois não apresentaram os requisitos mínimos necessários.