A nova linha circular do Metropolitano de Lisboa atravessará uma zona densamente urbanizada da cidade de Lisboa, ligando a estação do Rato, localizada numa das colinas da cidade, à estação do Cais do Sodré, encostada à margem direita do rio Tejo. A escavação subterrânea intersecta uma grande variedade de materiais, desde maciço rochoso a solos moles. Nas zonas onde a construção do trecho do túnel se situa mais próximo do rio, com cerca de 20 m de profundidade, é utilizado um método de escavação Cut & Cover. Neste trecho o traçado da linha intersecta dois edifícios em betão armado, com 9 pisos elevados e fundações indiretas por estacas, determinando a necessidade de proceder ao recalçamento destas estruturas e proceder à transferência de cargas para um novo sistema de fundação. As condições geotécnicas e geológicas presentes neste trecho, associadas às condições de acesso e de trabalho muito limitadas, levaram à materialização de cortinas de contenção com recurso à tecnologia de jet grouting, combinada com a execução de microestacas. Estes elementos foram também utilizados como parte integrante do novo sistema de fundação dos edifícios, o qual passará a ser materializado por uma laje de betão armado (comprimento=50m, largura=11m e espessuras=1,4m e 1,8m) que recebe e distribui as cargas provenientes dos pilares da estrutura original, para as referidas cortinas de colunas de jet grouting armadas com microestacas. Neste processo complexo encontrase prevista uma transferência controlada de cargas entre as estruturas existentes e a nova laje, a qual é executada com recurso a macacos hidráulicos, limitando os assentamentos diferenciais do edifício através da abertura gradual dos mesmos e da sua permanente monitorização. Este artigo apresenta uma descrição global das soluções adotadas, sua implementação e do comportamento dos edifícios impactados pelos trabalhos descritos.